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29/07/2025
Impacto da Imersão Pré-COP30: o cooperativismo como resposta global
Participantes vivenciaram a força do movimento com experiências no Sul e Norte do Brasil
O cooperativismo brasileiro foi protagonista de uma jornada intensa e inspiradora durante a terceira edição da Imersão Pré-COP30, realizada pelo Sistema OCB. A iniciativa levou representantes de diferentes esferas do governo federal, organismos internacionais e entidades de pesquisa para uma vivência em campo, conectando-os diretamente com experiências no Sul e no Norte do país.
De cooperativas de crédito a organizações de produção agroextrativistas, passando por hospitais, escolas e vinícolas, a delegação pôde constatar como o modelo de negócios cooperativista para a entrega resultados concretos para o desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo em que promove inclusão social, preservação ambiental e geração de renda.
“Iniciamos essa terceira imersão com o objetivo de mostrar, na prática, como o cooperativismo brasileiro contribui para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e para a agenda climática mundial. A cada parada, reafirmamos que as cooperativas brasileiras estão preparadas para contribuir com as soluções que o mundo precisa”, destacou Débora Ingrisano, gerente de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB.
Caminhos da cooperação: do Sul ao Norte
A imersão teve início no Rio Grande do Sul. Em Água Santa o grupo visitou as cooperativas Coasa e a Cresol. Pela tarde, seguiu para Bento Gonçalves para conhecer a Vinícola Aurora, modelo de agregação de valor para a agricultura familiar. No dia seguinte, a programação seguiu para Nova Petrópolis, onde os participantes visitaram a Sicredi Pioneira, berço do cooperativismo de crédito no Brasil, e a Casa Cooperativa, que preserva a memória do nosso modelo de negócios. No período da tarde, já em Porto Alegre, a delegação conheceu a Cootravipa, cooperativa de trabalho urbana.
Na segunda etapa da imersão, em Cacoal, Rondônia os participantes foram recebidos com apresentações institucionais do Sistema OCB/RO, da Cooperativa Reca e do Sicoob Credip. As agendas incluíram uma caminhada na floresta, interação com produtores de café e comunidades indígenas, além de visitas ao Sicoob Agroshow e ao Sicoob Credisul, em Vilhena. Também fizeram parte da programação as experiências no Hospital Cooperar, na FavoCoop e com as cooperativas mirins locais.
Para João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, a ação é estratégica. “A imersão nos ajuda a mostrar que o cooperativismo tem um papel fundamental no enfrentamento dos desafios climáticos globais. Estamos fortalecendo nosso modelo como solução para a prosperidade de comunidades e do planeta”, afirmou.
Rosemary Lane, chefe do departamento de Povos Indígenas e Desenvolvimento do Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (UNDESA), destacou a conexão entre as cooperativas e os ODS. “Já conhecia o potencial do modelo para inclusão social, mas fiquei impressionada com a forma como essas experiências estão alinhadas à agenda climática e de sustentabilidade”, relatou.
Para Jaime García Alba, diretor de Estratégia do BID Invest, a experiência ampliou o entendimento sobre o alcance das cooperativas. “O que vimos em Rondônia vai além do sistema financeiro. As cooperativas são o elo entre comunidades e desenvolvimento. Elas estão presentes onde o mercado tradicional não chega”.
Isabela Maia, chefe da Gerência de Sustentabilidade e de Relacionamento com Investidores Internacionais de Portfólio do Banco Central do Brasil, destacou a parceria de longo prazo da instituição com o cooperativismo de crédito. “A inclusão financeira é promovida de forma muito próxima às comunidades. Estar aqui, olho no olho, foi fundamental para compreender ainda mais esse papel”.
“O Brasil é líder no desenvolvimento de cooperativas que geram benefícios sociais incríveis para quem delas participa. Por isso, acredito que devemos trabalhar muito mais para internacionalizar essas cooperativas”, destacou René Alarcon, Representante Sênior para América Latina e o Caribe do Centro Internacional de Comércio (ITC).
Conexão com políticas públicas
Representando o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o diplomata Hugo Peres destacou o potencial das cooperativas brasileiras para o mercado externo. “As práticas ambientais e sociais que vimos aqui são fantásticas e valorizadas no exterior. É preciso pensar em como essas iniciativas podem ser reconhecidas globalmente e gerar retorno direto aos agricultores”, ressaltou.
Carlos Venâncio, coordenador de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), destacou a relevância das cooperativas na integração entre família, terra e trabalho. “O cooperativismo conecta a história das famílias à terra que ocupam. Isso tem um valor enorme quando pensamos em sucessão rural e sustentabilidade”.
Por sua vez, Ricardo Vieira Vidal, chefe de Divisão de Articulação Federativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), falou sobre a inspiração que leva na bagagem. “Vivenciei o fortalecimento da agricultura familiar e da inclusão produtiva de mulheres e povos tradicionais. A Sicoob Credip, por exemplo, realiza um trabalho incrível com comunidades indígenas”.
Lilian Lindoso, Coordenadora de Estímulo à Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), destacou que a emoção e o comprometimento das pessoas marcaram a imersão. “O cooperativismo valoriza cultura, relações e saberes comunitários. Conhecer iniciativas como o cultivo de café robusta pelos povos tradicionais e a Cooperativa Mirim foi transformador. Nunca me senti tão bem recebida.”
Já Luciana Nóbrega, coordenadora-geral de Políticas de Fomento do Ministério do Empreendedorismo (MEMP), destacou o papel do cooperativismo para o empreendedorismo nacional. “Queremos fortalecer as políticas públicas baseadas nesse modelo, que já mostra resultados em vários territórios. A cooperativa mirim me emocionou. Fomentar o espírito cooperativo desde cedo é um diferencial”.
Cooperação e pesquisa andam juntas
Otávio Balsadi, supervisor de Redes de Inovação Social da Embrapa, destacou a parceria com a Coasa na implantação da Operação 365. “O lema deles é 'Nosso solo, nossa colheita'. Para isso, mantêm cobertura do solo o ano todo, o que previne erosão e perda de nutrientes. Essa é uma experiência que nasceu de uma parceria lá em 2014 e já está inspirando outras regiões”, descreveu.
Carla Gheler, coordenadora de Sistemas Agroalimentares do Conselho Empresarial brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), contou que sua visão mudou após a imersão. “Eu já conhecia as cooperativas, mas não imaginava o tamanho do impacto delas. Hoje, saio daqui decidida a virar cooperada e a fomentar mais parcerias entre o CEBDS e o sistema cooperativista”.
Mulheres e jovens transformam territórios
Na fala de Úrsula Zacarias, assessora técnica da FAO, o destaque foi para as mulheres. “Visitei grupos liderados por mulheres em várias cooperativas, especialmente na Cootravipa. São gerações fortes, que não se intimidam. É uma experiência que precisa ser levada para o mundo”.
Laura Peixoto, analista de Negócios Internacionais da ApexBrasil, ressaltou como a imersão aproximou as cooperativas das estratégias de exportação. “A Reca me chamou a atenção. Eles já exportam produtos da floresta e têm potencial para muito mais. A sustentabilidade está no DNA das cooperativas”, declarou.
Vanessa Duarte, diretora Executiva do Consórcio da Amazônia Legal, finalizou: “Falamos muito sobre desenvolvimento sustentável, mas aqui vimos isso acontecer na prática. Levo uma bagagem riquíssima. Vimos produtores que saíram da venda de commodities para empreender com valor agregado e cuidar da floresta. Isso é o cooperativismo em sua melhor expressão”.
O legado segue
A Imersão pré-COP30 é mais do que uma visita técnica. É uma vivência transformadora que reafirma o potencial do cooperativismo brasileiro como resposta global aos desafios do nosso tempo. Em 2025, enquanto o Brasil sedia a COP30 e o mundo celebrao Ano Internacional das Cooperativas, o modelo cooperativista estará mais visível, forte e reconhecido como a melhor opção enfrentar os desafios globais.
Para Guilherme Xavier, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, a vivência foi mais que especial. “Ver na prática como o cooperativismo muda vidas foi único”.
“A imersão é isso: conhecer as soluções socioeconômicas que o cooperativismo nos proporciona, é conversar com pessoas que estão à frente disso e se inspirar” finalizou Tatiana Souza, Assessora Especial de Economia Popular e Solidária da Secretaria-Geral da Presidência (SGPR).
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